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Esse é o 9º FIA CineFront

 

Como veias abertas, as entranhas dos rios expostas na imagem trazida pelo cartaz do festival mostram a seca na Amazônia, uma cena perturbadora que ilustra como a tragédia climática atinge principalmente os que se encontram em maior vulnerabilidade social: trabalhadores pobres, comunidades faveladas, camponeses, quilombolas, indígenas, ribeirinhos etc.

Não se pode falar em crise climática sem criar soluções para as contradições sociais que perduram. Não há justiça climática sem justiça social!

Nesta edição, o 9º CineFront apresentará 18 filmes convidados, exibidos em 28 sessões de cinema e debates que acontecerão em 06 cidades diferentes, 02 terras indígenas, 01 acampamento sem-terra e 01 assentamento de reforma agrária. Além disso, teremos 03 exposições fotográficas, 02 oficinas de produção audiovisual e 01 masterclass com Jorge Bodanzky.

Leia mais no texto de apresentação do festival >


O que é o CineFront

 

Em meados do século XX, quando a Amazônia foi transformada num imenso cenário de ocupação territorial massiva, violenta e rápida, marcado por uma história de destruição, mas também com história de resistência, de revolta, de protesto, de sonho, etc (José de Souza Martins, 1996), o cinema estava lá! 

 

As contradições e conflitos decorrentes da ocupação e “integração” da Amazônia ao projeto desenvolvimentista do país, iniciado nos anos de 1960 com a Ditadura Militar, foram sendo tematizadas e registradas pelas lentes de diversos cineastas lendários, como “Iracema, uma transamazônica” (1975) e “A Igreja dos Oprimidos” (1986) de Jorge Bodanzky; a série de documentários “A Década da Destruição” (1980) de Adrian Cowell e Vicente Rios; e “Marias das Castanhas” (1987) e “Fronteira Carajás” (1992), de Edna Castro. São inúmeras as obras de realizadores locais, nacionais e internacionais que ao longo dos últimos 50 anos têm ajudado a construir uma memória imagética sobre a história recente da região amazônica como a última fronteira do país para onde avançaram empreendimentos capitalistas e um intenso front de lutas populares, camponesas e indígenas em defesa de seus territórios e direitos sociais. 

 

É para servir ao compartilhamento e celebração dessas obras, homenagear o feito de seus diretores e fomentar debate político-pedagógico sobre a realidade que os filmes tematizam que foi criado o Festival Internacional Amazônida e Cinema de Fronteira – FIA CINEFRONT. Trata-se de uma mostra não competitiva de filmes produzidos por diretores-produtores locais, nacionais e internacionais, comprometidos com a denúncia social e com publicização de narrativas de personagens invisibilizados e/ou criminalizados social, cultural e politicamente por se colocarem na contramão dos interesses do sistema capitalista mundial. 

 

Tendo como palco principal a cidade de Marabá, assentamentos e acampamentos rurais, terras indígenas, universidades e escolas públicas, comunidades urbanas periféricas etc, o FIA CINEFRONT tem como objetivo principal colocar em debate a história e realidade socioambiental das áreas de fronteira do capitalismo mundial, entre elas a Amazônia Oriental, buscando, no entanto, promover a percepção da fronteira reinventada desde dentro, desde o front, segundo as perspectivas das lutas sociais, como o centro dos embates, da resistência, o lugar dos combates físicos e epistêmicos, cujas transformações podem ter força de impacto além-front.

 

O festival acontece anualmente integrando as atividades política dos movimentos de luta pela terra na região, sendo realizado sempre na segunda quinzena do mês de abril articulado a programação realizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em memória aos camponeses mortos no Massacre de Eldorado dos Carajás, em dia 17 de abril de 1996. 

 

O FIA CINEFRONT é um evento concebido pelo professor universitário e documentarista Evandro Medeiros (UNIFESSPA), em parceria com a cientista social e fotógrafa Alexandra Duarte (Tramateia Filmes) e o professor e jornalista Felipe Milanez (UFBA).

 


Objetivos do FIA Cinefront

 

Fomentar debates e reflexões sobre violência ligada à questão agrária e os impactos socioambientais da mineração e hidrelétricas na Amazônia e em outras regiões ocupadas por empreendimentos capitalistas.

 

Publicizar as conquistas da luta por direitos, terra e território na região Amazônica e em outras fronteiras da América Latina, da África e do mundo.

 

Realizar a exibição gratuita de obras fílmicas, exposições fotográficas e palestras sobre a dinâmica social e contradições próprias das regiões de fronteira e periferias da sociedade capitalista, na Amazônia e pelo mundo, envolvendo a vida, trabalho e cultura dos povos que vivem nestas regiões.

 

Estimular o surgimento de novos realizadores de produção de documentários por meio da oferta de oficinas de produção audiovisual com recursos e tecnologias acessíveis.

 

Colaborar para divulgação da produção cinematográfica e fotográfica de realizadores da Amazônia.

 

Fortalecer as parcerias e manutenção dos espaços de realização de ações culturais e político-pedagógicas dos movimentos e organizações sociais envolvidas na luta pela terra e defesa dos direitos humanos.

 

Promover o acesso à arte cinematográfica às comunidades rurais, ribeirinhas, extrativistas, povos indígenas, professores, estudantes, juventude camponesa, população de áreas urbanas periféricas e pessoas com deficiência física (PCDs).