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 Apresentação – 9º CineFront

 

O Festival Internacional Amazônida de Cinema de Fronteira, o nosso CineFront, chega à sua nona edição de 2024 com uma seleção de filmes e sessões de debate que pretendem provocar reflexões sobre a crise climática na Amazônia, no Brasil e no mundo.

Os efeitos da disrupção ecológica são mais nefastos para aqueles que vivem às margens, nas periferias e fronteiras de expansão dos grandes empreendimentos industriais, minerários e agrícolas. Se compreendida criticamente, revela conexões com a extrema desigualdade social, violação de direitos humanos e injustiças de todas as ordens, marca do capitalismo global.

Como veias abertas, as entranhas dos rios expostas na imagem trazida pelo cartaz do festival mostram a seca na Amazônia, uma cena perturbadora que ilustra como a tragédia climática atinge principalmente os que se encontram em maior vulnerabilidade social: trabalhadores pobres, comunidades faveladas, camponeses, quilombolas, indígenas, ribeirinhos etc.

Não se pode falar em crise climática sem criar soluções para as contradições sociais que perduram. Não há justiça climática sem justiça social!

Todavia, o festival não pretende apenas apresentar obras que provoquem o debate sobre a tragédia. Reivindica-se, pelo cinema, o apoio às lutas populares, fazendo ver, pela película, como camponeses, indígenas, povos e comunidades tradicionais, trabalhadores pobres e populações periféricas r-existem no enfrentamento à opressão e destruição da vida produzidas pelo sistema capitalista na Amazônia e no mundo, e como avançam na conquista de direitos, na afirmação de suas culturas, na defesa de seus territórios e na produção de projetos societários pautados pela sustentabilidade ecológica.

Caminhando rumo a uma década de sessões e debates do Cinema de Fronteira na Amazônia, certamente um momento histórico, o FIA CINEFRONT, em sua concepção e execução, tem demonstrado que o cinema é uma poderosa arte à serviço da denúncia do que deve ser superado e do anúncio de histórias e feitos de diversos povos em luta para assegurar futuros possíveis ao mundo em que vivemos.

Assumindo o cinema como um recurso político pedagógico, uma ferramenta de luta, o cinema como arma dos que r-existem na afirmação de um mundo onde caibam vários mundos, seguimos pela fronteira e no front amazônico!

Bom festival, companheiros e companheiras!

 

 

Programação

 

Nesta edição, o 9º CineFront apresentará 17 filmes convidados, exibidos em 28 sessões de cinema e debates que acontecerão em 06 cidades diferentes, 02 terras indígenas, 01 acampamento sem-terra e 01 assentamento de reforma agrária. Além disso, teremos 03 exposições fotográficas, 02 oficinas de produção audiovisual e 01 masterclass com Jorge Bodanzky. O evento é fruto de uma construção coletiva que envolve duas dezenas de parceiros, entre movimentos e organizações sociais; órgãos de justiça e secretarias de governo; universidades; e institutos e produtoras culturais.

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Acessibilidade

 

No intuito de garantir a acessibilidade nas sessões do festival, numa parceria com o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão Acadêmica (NAIA/Unifesspa), serão inseridas janelas de tradução de libras nos filmes exibidos, contratação de intérpretes para tradução ao vivo durante os debates e aquisição de equipamento de transmissão de audiodescrição para pessoas cegas, a ser doado posteriormente à universidade para uso em outras atividades acadêmicas e culturais.

 

Sobre o Cartaz do 9º FIA Cinefront

 

 

O cartaz desta edição, com fotografia de Tadeu Rocha e arte produzida por Evandro Medeiros, apresenta as veias abertas e entranhas dos rios amazônicos expostas, decorrente da seca que atingiu a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro, um registro feito durante expedição “Amazônia Ensina e Aberje”, no ano de 2023. 

 

O fotógrafo Tadeu Rocha cedeu gentilmente os direitos do uso de imagem ao FIA CINEFRONT, uma vez que as questões problematizadas pelo festival são compatíveis com processos que ele desenvolve por meio de pesquisa e experimentações fotográficas e audiovisuais na Amazônia.

 

O Acampamento Da Juventude Sem-terra

No Abril Vermelho

 

Há 28 anos atrás, exatamente no dia 17 de abril de 1996, a terra no sudeste paraense foi banhada com sangue de 19 camponeses ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), brutalmente assassinados em decorrência de uma operação repressiva da polícia militar do estado, num episódio que ficou conhecido como Massacre de Eldorado do Carajás, ocorrido na Curva do S, da rodovia PA 150, próximo a cidade de Eldorado do Carajás.

 

Mais um, entre tantos massacres, assassinatos e atos de violência acontecidos num período histórico que se inicia nos anos de 1960, com a ocupação da região amazônica mobilizada Governo da Ditadura Militar e que vitimaram centenas de trabalhadores e trabalhadoras rurais, indígenas, religiosos, sindicalistas, ambientalistas e ativistas de direitos humanos, envolvidos na luta pela terra, por territórios, justiça social e defesa das florestas na Amazonia Oriental.

 

Do luto à luta, sempre, os camponeses transformaram abril em um mês de mobilização social por Reforma Agrária denominado “Abril Vermelho”, momento em que também é celebrada e homenageada a memórias dos camponeses vítimas do Massacre de Eldorado do Carajás e de outros massacres, no Pará e por todo o país. Nesta perspectiva, na Curva do S da rodovia PA 150, todo ano acontece um conjunto de atividades políticas, religiosas e culturais, que integram a programação do Acampamento Pedagógico da Juventude Oziel Alves, cujo nome homenageia uma liderança jovem assassinada no Massacre de Eldorado de Carajás.

 

Durante a semana que antecede o dia 17 de abril, são realizadas no acampamento atividades artístico-culturais; oficinas e minicursos sobre diversas temáticas de interesse da juventude camponesa; palestras e debates; cultos religiosos ecumênicos; atos políticos e as sessões de cinema. 

 

O Acampamento Pedagógico da Juventude Sem-Terra é o palco principal do FIA CINEFRONT, onde tudo começa e onde, por meio da exibição de filmes seguidos de debates, o cinema é assumido como um instrumento de celebração da memória e afirmação dos povos do campo, das águas e das florestas como sujeitos históricos.

 

Como parte do calendário do “Abril Vermelho”, nosso cinema ajuda a desvelar a Amazônia como fronteira do humano, marcada por conflitos e contradições, e como front revolucionário, onde sem-terras, ribeirinhos, extrativistas, indígenas e trabalhadores pobres r-existem e transformam tragédias em força propulsora da construção de outros mundos possíveis, de vida digna e plena humanidade.

 

Estar com a Juventude Sem-Terra alimenta a mística que move e dá sentido ao FIA CineFront.

 

A Láurea Do FIA Cinefront

 

O FIA CINEFRONT, fruto de uma organização colaborativa, é um festival de cinema não-competitivo e que, a partir de um processo de pesquisa realizado por curadores do evento, convida diretores, produtoras e obras fílmicas a serem apresentadas considerando a temática de cada ano. 

 

Não há inscrições ou filmes premiados, porém, todos são reconhecidos pelos organizadores do festival e pelo público como produções de grande importância político-pedagógica para a construção de reflexões sobre as contradições, conflitos e lutas sociais pelas fronteiras e fronts do mundo em que vivemos. 

 

Nossa “láurea” concedida em honraria às obras, como representação deste reconhecimento, é o ouriço da Castanha-do-Pará, árvore imponente e símbolo de r-existência na Amazônia, cujos troncos compõem o monumento em memória a luta dos Camponeses Sem-Terra, localizado na Curva do S da rodovia PA-150, em Eldorado dos Carajás, palco principal do nosso festival.




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